Luciano Hang, o maior erro da CPI da Covid

Empresário dominou comissão, mostrou preparo e ganhou mais do que perdeu na CPI

Luciano Hang. Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado.

Logo na abertura da reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI, em que o empresário e dono das lojas Havan foi convocado para depor falsamente na condição de testemunha, era evidente a “arapuca” armada pela CPI. Chamuscar a imagem do empresário acusado de financiar o odioso esquema de Fake News a favor do chamado tratamento precoce. Um coquetel toxico de medicamentos sem eficácia contra a COVID.

Era essa a intenção, mas não foi esse o resultado obtido pela Comissão.

Luciano Hang aproveitou muito bem os 15 minutos iniciais e abriu seu depoimento com uma propaganda de sua rede de lojas, a Havan. Enalteceu seus colaboradores e mostrou um preparo que nenhum outro depoente havia mostrado na CPI.

A peripécia de quem havia sido chamado de bobo da corte pelo relator antes do início da reunião serviu ao propósito e interditou o debate, levando à suspensão da CPI.

Embora no momento da propaganda mais de 100 mil espectadores aguardavam ansiosos as respostas de Luciano Hang, a suspensão do depoimento derrubou o número de expectadores abaixo dos 40 mil.

Calmo e paciente, Hang espichou a corda o quanto pode e testou cada tentativa de limite imposto pelos senadores que conduziam a CPI.

Chamou os senadores pelo nome, sem os floreios próprios do cargo que ocupam. Não aceitou cerceamentos de sua defesa nem condução de suas respostas.

Hang foi milimetricamente preciso em suas respostas e mostrou claramente que os Senadores estavam mais preocupados em ouvir o som das próprias perguntas do que o som das respostas que não queriam ouvir.

Luciano Hang saiu chamuscado, mas saiu menos chamuscado do que os integrantes da CPI.