Uma sociedade que garante o nascimento de um filho gerado a partir de um estupro, torna o estupro um meio eficaz de reprodução.
Sem condições de convencer uma mulher a gerar um filho, estuprar passa a ser uma opção viável de reprodução não consentida ao estuprador.
Com a garantia do nascimento do filho, nem a morte do estuprador será pena suficiente para coibir o impulso inevitável da reprodução.
Viveremos em uma sociedade permeada por filhos unilaterais, gerados por mulheres que não consentiram a gravidez e não participaram de forma voluntária da reprodução.
Qual mulher concordaria em continuar com a gestação do filho não consentido de um marginal, que roubou sua dignidade reprodutiva e seu poder de opção?
Quantos casos de estupro passariam a se tornar casos de infanticídio puerperal?
Uma mulher obrigada a concluir a gestação de um filho gerado sem o seu consentimento é uma mulher estuprada duas vezes. A primeira, pelo criminoso que a violou. A segunda, pela sociedade que a obrigou a gerar um filho do estuprador.
As vítimas serão crianças. Meninas extremamente jovens e adolescentes. Porque nessas situações o estuprador terá a certeza certeza de que a gravidez não será interrompida.