O recentíssimo julgamento do caso entre os atores norte-americanos Johnny Depp e Amber Heard levanta novamente o debate sobre a substancia probatória da palavra da vítima nos casos de estupro e violência doméstica.
Já podem ser encontrados flutuando na internet artigos questionando a credibilidade excessiva concedida a palavra da vítima nas acusações de estupro e violência doméstica.
Outros, questionam os prejuízos morais das falsas acusações e apontam a possibilidade de extorsões e chantagens.
Ambas possibilidades existem, seja de extorsão ou de chantagem. Mas nenhuma desqualifica a atenção que deve se dar à vítima real da violência doméstica.
Entre a vida e a integridade física de uma mulher que esteja sofrendo violência em segredo e venha a público, ou procure o auxílio da polícia ou a ajuda da justiça, e a imagem e reputação do acusado, a vida e a integridade física sempre estarão um nível mais alto. Pelo menos até que seja esclarecida por completa a acusação e seja resolvido o caso.
Os prejuízos sofridos por Johnny Depp no caso envolvendo a atriz Amber Heard nunca serão ressarcidos por completo. Mas o processo demonstrou como é difícil uma acusação de violência doméstica ser realmente levada a sério.
Quem assistiu aos depoimentos de testemunhas arroladas pela atriz, como os do também ator Jason Mamoa e do porteiro que se apresentou dirigindo, percebeu como o julgamento foi influenciado pela postura de descrédito das testemunhas. Que ridicularizaram a atriz que afirmava ter sofrido violência doméstica.
Pelo que ficou evidenciado no que veio a público do processo, Amber esteve longe da realidade do que é vivenciar e ser vítima da violência doméstica. Como são os casos de mulheres que morrem queimadas com gasolina, precisam mudar de cidade e iniciar uma nova vida com medo da perseguição e violência.
Mas a situação imaginada como grave por Amber, que não foi entendida como tão grave assim pelos jurados, não faz com que deixem de existir casos realmente graves de forma concreta.
É por causa da gravidade desses casos em que realmente há violência e que põem em risco a vida e a integridade física das pessoas, que todas as acusações precisam ser levadas a sério.