O declínio das redes sociais

A compra do Twitter pelo empresário Elon Musk e a recente demissão de ais de 10 mil funcionários da Meta, dona do Facebook, demonstram o fim da era de expansão das redes sociais.

Problemas em todo o mundo relacionados à liberdade de expressão e a manifestações políticas, principalmente ligadas a contas falsas e automações utilizando robôs, põem em xeque o modelo de negócios adotados pelas grandes plataformas. Que dependem do chamado “user generated content” (conteúdo produzidos pelos usuários) para faturar com anúncios em seus apps.

Sem darem conta da crescente necessidade de moderação e sem conseguirem resolver por completo o problema do uso de contas falsas e robôs, redes sociais pouco a pouco vem se transformando em um ambiente tóxico que afasta usuários reais.

Com a menor utilização por usuários de verdade, cai consideravelmente o valor de se anunciar nessas plataformas, já que muito do orçamento gasto será gasto com visualizações falsas. “Visualizações” realizadas por contas falsas e robôs, sem nenhum retorno comercial.

Sem a receita proveniente dos anúncios, se torna insustentável o modelo de financiamento adotado por gigantes como o Twitter e o Facebook. Tornando cada vez menos apelativas tanto para o anunciante quanto para o usuário sua permanência nessas redes sociais.

Quanto custa uma página no Facebook?

Desde que os dois servidores que, no meu entendimento, atuavam como falsos corregedores da Corregedoria-Geral da Receita Estadual tentaram, ou conseguiram, obter todos os meus dados da rede social Facebook, desenvolvi uma espécie de bloqueio psicológico ou fobia social que tem me impedido de utilizar o Facebook.

Simplesmente não consigo mais confiar de que meus dados privados continuem privados em qualquer rede social. Imagino sempre que a qualquer momento serão devassados sem prévio aviso, por qualquer um “na condição” de qualquer cargo para o qual não foi designado conforme exige a Lei.

Essa fobia me trouxe um prejuízo imenso na pré-campanha eleitoral. Me deixando efetivamente de fora da disputa por um cargo na Assembleia Estadual.

Acabei, no fim, desativando tanto minha página quanto meu perfil no Facebook. Tudo por causa da investida que, na minha opinião, foi completamente ilegal desses dois servidores atuando “na condição” de corregedores ad-hoc. Sem a designação pelo Governador do Estado, que por lei detinha a competência legal.

Me pergunto qual é o tamanho do meu prejuízo. De ter de deixar a plataforma por pura coação exercida por meio de um processo disciplinar que, no meu entendimento, foi e está sendo conduzido de forma ilegal.

Me pergunto: qual é o valor de uma página com 22 mil curtidas legítimas e de um perfil com 5 mil amigos orgânicos na rede social Facebook?

A um custo médio de aquisição que hoje gira em torno de R$1,20 por curtida, uma página com 22 mil curtidas vale no mínimo R$26.000,00. Mas qual é o valor do prejuízo causado por esse isolamento social?

Para mim, custou uma oportunidade que foi perdida. Me deixando efetivamente fora da disputa eleitoral.

WhasApp é condenado a indenizar em R$ 44 mil vítima de golpe do perfil falso

A Justiça do Distrito Federal condenou o Facebook, proprietário do aplicativo WhatsApp, a ressarcir uma idosa vítima do golpe do perfil falso.

“Os Autores alegam que foram vítimas do “golpe do perfil falso no Whatsapp”. Contam que sua genitora, idosa, recebeu mensagem de um número que, embora não estivesse em sua lista de contatos, continha a fotografia de seu filho, pedindo dinheiro. A idosa, achando que seu filho estava em situação difícil, efetuou depósitos via PIX para a conta informada na mensagem. Não satisfeita, o fraudador tornou a pedir para que realizasse outo depósito e a mãe, já sem recursos, solicitou à filha, segunda Autora no presente feito, que também realizou depósito via PIX para o remetente das mensagens. Apenas na terceira incursão é que a segunda Autora desconfiou que pudesse ser um golpe e entrou em contato com o primeiro Autor, confirmando que não era ele a enviar as mensagens. Requerem a condenação da Ré à obrigação de ressarci-los pelos danos materiais sofridos, no importe de R$ 44.000,00 (quarenta e quatro mil reais).”

Ao contestar a ação, a Facebook Brasil alegou ser parte ilegítima para responder ao processo. O que não foi acolhido pela justiça.

“Em análise da preliminar arguida de ilegitimidade passiva, nossa Turma Recursal tem se manifestado pela legitimidade passiva da “Facebook do Brasil” para responder por vícios do serviço provido pelo
WhatsApp, vez que basta acessar o aplicativo para que apareça o aviso de que é “From Facebook”, além de compor o mesmo grupo de empresas

Ao fundamentar a decisão, o WhasApp foi considerado negligente por permitir o cadastro com imagem alheia sem exigir documento pessoal ou CPF, tornando-o corresponsável pela fraude.

“A Ré, responsável pelo serviço, responde objetivamente pelos danos causados aos consumidores, conforme a teoria do risco da atividade empresarial, especialmente por permitir o cadastro meramente a posse de um número telefônico, sem a necessidade de uso de documento pessoal, CPF ou mesmo nome verdadeiro, além de não prover segurança suficiente aos usuários, uma vez que o agente fraudador, nesse caso, teve acesso a dados pessoais do Autor. Ao agir dessa maneira, deve responder pelos danos causados em sua atividade.”

Um milhão de mentiras

O Facebook e o Instagram informaram nesta quinta-feira (11) que removeram mais de 1 milhão de posts, comentários e stories de suas plataformas no Brasil devido a desinformação sobre a Covid-19 desde o início da pandemia.

A informação foi publicada pelo g1.

Os conteúdos removidos foram classificados pela plataforma como potencialmente causadores de danos ou perigo de violência física “no mundo real”. Algo como que se as redes sociais, na opinião de seus próprios dirigentes, fizessem parte de um universo paralelo, nos quais as informações falsas não removidas causam dano e perigo de violência apenas no metauniverso do qual participam.

22% vai-com-as-outras. 78% robôs.

Se há um efeito importante ocasionado pela CPI da Covid é a conscientização do parlamento de que a suposta “pressão das redes” nada mais é do que um exército de perfis falsos manipulados por criminosos digitais nas redes sociais.

Um exercito e tanto. Uma maioria esmagadora. Mas completamente virtual.

Nada menos do que 4 em cada 5 perfis envolvidos em ataques de ódio contra deputados e senadores são, na verdade, contas falsas operadas por quadrilhas virtual.

O outro que sobra, faz parte do exercito de desavisados, desvairados, lunáticos, tarraplanistas e antivacinas que encontra um meio em que se sente encorajado a expressar sua ignorância no qual conta supostamente com o apoio alheio, sem saber que esse apoio é na verdade uma complexa rede de incitação de ódio, desinformação e fake-news.

Também chamado comportamento inautêntico coordenado, a extensa redes de robôs de ódio manipulada nas redes sociais consiste no uso de contas falsas e duplicadas para aumentar a audiência e enganar o público. Divulgar ideias falsas e fraudar a opinião pública. Consistindo no maior desafio à democracia já imposto pelas mídias sociais.