Pedido de impeachment de Ministro do STF é legítimo e é um direito de todo cidadão

Não demorou e o quê se viu foi um exército de juristas, ex-Ministros, Procuradores, Senadores e a própria OAB criticando o pedido de impeachment do Ministro Alexandre de Moraes, protocolado pelo Presidente da República no Senado.

Desde adjetivos como descabido e “sem fundamento”, até pedidos de arquivamento sumário sem análise por nenhum Senador, o quê, no último caso, seria completamente inconstitucional.

Todo cidadão pode denunciar crimes de responsabilidade definidos na Lei 1.079/50, e isso inclui o Presidente da República, que não abdica de seus direitos cívicos apenas por exercer o cargo presidencial.

“Art. 41. É permitido a todo cidadão denunciar perante o Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e o Procurador Geral da República, pêlos (sic) crimes de responsabilidade que cometerem (artigos 39 e 40).”

Quanto a suspeição do Ministro, por outro lado, usada como fundamento para o pedido de impeachment, a questão é um pouco mais complicada.

Isso porque o inquérito 4781, mencionado por Bolsonaro em seu pedido de impeachment do Ministro Alexandre de Moraes, não consiste na função típica do Supremo Tribunal Federal – STF. Consiste, por outro lado, em um inquérito penal e administrativo. Conduzido pelo STF de forma atípica em meio a um malabarismo regimental.

Por isso, há uma pegadinha na interpretação do que é ou não é um crime de responsabilidade e essa pegadinha vem justamente de qual é a responsabilidade de cada função.

O Ministro Alexandre de Moraes não exerce função típica do STF no inquérito 4781.

O desentendimento dessa peculiaridade não impede o pedido de impeachment, mas também não autoriza o arquivamento sumário. Mesmo que isso exclua o ilícito de responsabilidade em uma análise posterior.

Bolsonaro acusa STF de ser tribunal político

Em seu pedido de impeachment do Ministro do Supremo Tribunal Feeral – STF Alexandre de Moraes, o Presidente Jair Bolsonaro destaca a atuação política do STF.

“Não critico essa nova realidade, também presente em outros países. O que quero destacar é que, com esse novo perfil, o Judiciário torna-se um verdadeiro ator político e, justamente por isso, deve estar pronto para tolerar o escrutínio público e a crítica política, ainda que severa e dura.”

Ao trazer o STF para o campo político, Bolsonaro invoca a jurisprudência dominante na Justiça Brasileira, no sentido de que pessoas públicas, incluindo os políticos em geral, por se submeterem ao debate público, tem a proteção de sua honra diminuída. O quê também deve se aplicar, no entendimento do Presidente, aos Ministros do STF, por sua atuação política.

“Ora, por que parlamentares e integrantes do Executivo devem tolerar a crítica pública, ínsita à liberdade de expressão, e os membros do Poder Judiciário não? O que os distingue dos demais atores políticos?”

É evidente a atuação política do STF e do Supremo Tribunal Eleitoral (no caso do voto impresso).

O problema, no caso do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, está no currículo dos envolvidos.

Entre o ministro Alexandre de Moraes e o deputado Daniel Silveira e ex-Deputados Roberto Jefferson e Sérgio Reis, é muito difícil ficar a favor do deputado e ex-deputados e contra o Ministro.