Aporofobia é a rejeição à pessoas pobres. A palavra vem do grego, a-poros, sem posses, somado a fobia, medo ou aversão.
A palavra ganhou notoriedade com o ativismo do padre Júlio Lancellotie. Que quebrou com marretadas pedras instaladas embaixo de um viaduto para afastar moradores de rua que se abrigavam ali.
![Padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua, quebrou paralelepípedos a marretadas na manhã desta terça-feira (2) — Foto: Reprodução/Instagram](https://s2.glbimg.com/LW3mRsd_tqqrs2KhD_13JN7ehd0=/0x0:1007x570/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2021/g/n/IDIc5hQDmbWO4NDCfMJA/padrejulio.png)
A imagem revelou também outro aspecto da palavra. O quê pode ser chamado de arquitetura hostil.
A arquitetura hostil é um tipo específico de arranjo de espaços urbanos que mais se assemelha a um cenário de um filme distópico. Algo como uma ficção sobre um tempo em que pessoas deixam de trabalhar por opção e espaços públicos precisam ser remodelados para evitar que a preguiça desses cidadãos os permita ficarem deitados, jogados ou amontoados em espaços públicos destinados a outros fins.
![Ver a imagem de origem](https://i.pinimg.com/736x/9c/f7/02/9cf7020012cdec79da5e8c0fab770c83--horror-ems.jpg)
A realidade infelizmente é outra. Pessoas se abrigam embaixo de viadutos e marquises por falta de outra opção.
260m² de terreno na periferia de uma cidade fazem pouca ou quase nenhuma diferença em termos de valor de uso para produção rural. Mas fazem uma diferença enorme quando o assunto é moradia urbana para pessoas que não possuem onde se abrigar da chuva e do frio.
Em um país no qual para criar uma cabeça de gado ou colher 450kg de soja se utiliza 1.000m², em um terreno de 260m² necessário para a moradia de uma família se produz o equivalente a 19,5kg de soja ou 1,86kg de carne bovina por mês.